Investigadores portugueses identificaram características genéticas associadas aos níveis de vitamina D no sangue e que estes níveis estão fortemente associados à gravidade da doença COVID-19.
Estudo VITACOV: A genética que permite identificar indivíduos de risco para quadros mais severos de COVID-19 por deficiência de vitamina D
Este estudo mostrou, pela primeira vez, que a população portuguesa tem características genéticas que contribuem para um défice de vitamina D.
Os resultados obtidos reforçam a necessidade da definição de estratégias personalizadas de abordagem clínica, muito em particular particular no contexto de risco de infeções virais.
Coordenado pelo Centro Cardiovascular da Universidade de Lisboa (coordenador: Prof. Doutor Fausto Pinto), e em parceria com a empresa HeartGenetics, Genetics and Biotechnology SA (coordenadora: Prof.ª Doutora Ana Teresa Freitas), com a Nova Medical School (coordenadora: Prof.ª Doutora Conceição Calhau), com a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (coordenador: Prof. Doutor João Tiago Guimarães), e com a plataforma BioData.pt (coordenadora: Dr.ª Ana Portugal Melo), o projeto VITACOV teve financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia, ao abrigo do programa “Research 4 Covid-19 Apoio especial a projetos de implementação rápida para soluções inovadoras de resposta à pandemia de COVID-19”.
Este estudo clínico avaliou, entre agosto de 2020 e janeiro de 2021, 517 doentes admitidos com o diagnóstico de COVID-19, nos Hospitais de Santa Maria em Lisboa e do São João no Porto.
Os resultados obtidos mostram que os doentes com níveis de vitamina D muito baixos apresentaram quadros mais graves da doença COVID-19, com elevada mortalidade. No entanto, os resultados mais inovadores do estudo são na área da genética, uma vez que foi possível identificar uma associação entre características genéticas e os baixos níveis sanguíneos da vitamina D. Esta descoberta é ainda mais relevante para a população portuguesa uma vez que foi possível demonstrar que a nossa população tem uma prevalência de alterações do genoma que conferem uma menor capacidade de produção de vitamina D a partir da exposição à luz solar. Estas características genéticas estão presentes em cerca de 20% da população Portuguesa, representando uma prevalência quatro vezes superior à média Europeia. Aqui residirá em parte uma explicação para o facto de termos uma prevalência superior de deficiência em vitamina D por comparação com países do norte da Europa.
A vitamina D tem um papel importante na manutenção geral da saúde, é uma hormona o que explica a sua ligação a múltiplas ações sendo uma delas a modulação do sistema imunitário. A deficiência de vitamina D tem também sido associada a algumas condições clínicas, como a hipertensão arterial, maior risco cardiovascular, diabetes, doenças autoimunes, cancro, entre outras.
Estes novos dados mostram que a caracterização genética e a monotorização dos níveis sanguíneos de vitamina D podem desempenhar um papel importante na identificação de sub-grupos de pessoas mais vulneráveis a doenças virais, como a infeção ao vírus SARS-CoV-2 . Levanta ainda a questão do potencial impacto da adoção de medidas ao nível populacional, que deverá ser fruto de estudos mais aprofundados, nomeadamente de caráter interventivo.
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